sábado, 9 de janeiro de 2010

Saudade crônica

Finalmente encontrei o nome do que sinto.
Meu diagnóstico é "saudade crônica".
Ainda não consta na CID-10, muito menos no DSM, porque americanos não entendem a dimensão da saudade, já que tal palavra nem consta daquele vocabulário.
Sinto saudade dos cheiros e dos sotaques, das pessoas e de suas presenças cotidianas em minha vida. Da praia no final da tarde, para descansar ou para deixar que os pensamentos fluam ao sabor das ondas. Do sol, do limón Y sal, pra lembrar minha intensa amiga Nina e das tequilas Cuervo com a Bibika. Sinto saudade do calor, do amor e mesmo da dor que sinto ao estar lá. Uma dor que não explico, mas que faz parte de mim de uma forma tão íntima que já não é mais possível descartá-la ou exclui-la do que é meu. Ela é minha e constitui o que sou, forma-me.
Descobrir o nome que isso tem tira de mim o peso da ausência.
Por definição, tudo que é crônico precisa de acompanhamento, tratamento e atenção. E também precisa de dedicação daquele que sofre da cronicidade. Sinto minha saudade todos os dias, da hora que acordo a hora de dormir. Às vezes sonho com ela.
E muitas vezes sinto que ela me move.
Sinto saudade na solidão e também enquanto estou acompanhada.

Guardo comigo a esperança de que quadros crônicos sejam resolvidos.